Skate com Batom

Manuela Silveira de Carvalho, conhecida como Mani natural de Salvador, Bahia. Hoje com seus 22 anos, trabalha em uma loja da Tim e em uma ONG. É skatista desde pequena. Passou a andar de longboard desde agosto do ano passado, depois de assistir um vídeo da LGC. Ela é a nossa entrevistada da vez e que sem dúvidas, nós do Skate com Batom,  estamos torcendo para ver seu nome em um campeonato próximo.

Como é a vida de uma skatista?

A vida de uma skatista é sempre emocionante e desafiante. A gente está sempre com altos níveis de adrenalina no sangue e com muito jogo de cintura também para lidar com as quedas e um pouco do preconceito. Mas é gratificante pra quem é apaixonada pelo esporte como eu sou.

Pensa em competir e fazer do esporte sua profissão?

Entrei no mundo das competições agora, e aqui na Bahia ainda é muito fraco o movimento do long feminino.Espero poder sempre incentivar mais meninas a colar nos rolés e que a gente consiga ter baterias disputadas nos próximos campeonatos. Ainda não pensei na possibilidade de ter o skate como profissão, mas seria irado se um dia acontecesse!

foto David Campbell

Como é a sua rotina e quais os momentos que o skate faz parte dela? Pelo menos uma vez por semana.Minha rotina agora começou a ficar um pouco corrida, com trabalho, estudos e ONG pra administrar, mas o skate ta sempre presente.
O que você recomenda para quem está começando o esporte? Muita atitude, persistência e principalmente SEGURANÇA! Não pode vacilar, no início a gente demora de cair, geralmente desce a ladeira no retão e acha que já tá mandando bem. Mas a queda um dia vem. Tem que tá equipada, principalmente nós mulheres, vaidosas, temos que manter a pele sem manchas de feridas e mais que isso, assegurar que nossa integridade física fique intacta.

Tem algum ídolo no skate? Qual e por quê?

Tenho. Masculino: Tony Hawk, pelo simples fato de que durante a minha infância e adolescência eu jogava muito Pro Skater e acabei criando uma afeição pelo cara. Fora que ele foi um pioneiro do skate, manda bem demais e é um ícone mundial no esporte.No feminino e Long eu adoro a Maitane Ráscon, do LGC. Adoro o estilo dela, manda bem nos slides, no dancing, no freeride, fora que ela é super feminina e ficou muito meiga com o cabelo curtinho.

Você acha que o mercado hoje está interessado em valorizar o nível técnico dos skatistas ou a personalidade?

Os dois.  Acho que conforme o esporte se populariza, cresce o interesse das marcas em associar seu produto a um atleta de alto nível.

Mas no mundo dos negócios, não basta ser bom, tem que ter uma boa imagem não só física como você também tem que responder as expectativas comportamentais né? Faz parte, na minha opinião, é um processo natural.

Possui alguma marca de roupa e tênis preferida com o seu estilo?

Eu adoro as coisinhas da Roxy, roupas, acessórios e tudo mais. E tênis com certeza, a Vans. Eles tem uns tênis super fofos e lindos pra nós mulheres, meigas, skatistas.

Skate ainda vem quebrando o Tabu de que é um esporte masculino. Você já sofreu algum tipo de preconceito em relação à isso?

Com certeza, muita gente ainda vê com maus olhos as meninas que curtem os esportes radicais. É difícil vencer esse preconceito, sofro diariamente, principalmente quando alguém pergunta o motivo das lesões e feridas. Talvez aqui na Bahia até mais que em São Paulo as meninas que se aventuram sobre as rodinhas tenham mais barreiras a ser quebradas.

Você acha que o skate trouxe um estilo pra sua vida, na forma de se vestir, nas músicas que escuta, etc.?

Com certeza, existe um mundo que gira em torno do skate e nele estão contidos todos os elementos de comportamento que a gente adota, como roupas, músicas, gírias, lugares que frequenta de noite. Ser skatista não é só praticar  é viver o skate!

foto  Patricia  Metzelaar

O Skate assim como qualquer outro esporte modela, emagrece, fortalece algumas partes do corpo. Você sabe dizer no seu corpo quais as mudanças que o skate proporcionou? Bom, eu sempre fui magrinha, mas como toda mulher eu via muitos pneuzinhos em mim que hoje não vejo mais. As pernas também ficam mais fortalecidas, com certeza. Sem contar que o subir das ladeiras dá um super condicionamento físico né? "Não é mole não".

Qual sua trilha sonora preferida para andar de skate? Pra andar de skate eu gosto muito de ouvir um Hard Core ou um Rap, aí vai depender do meu humor. Eu adoro 311, Goldfinger, Dead Kennedys, Reel Big Fish. No Rap eu curto muito as músicas antigas do Criolo, um muleque aqui de Salvador Lucas Alemão, Sabotage, Mv Bill, são vários...

foto Patricia Metzelaar

Conte pro pessoal que acompanha a Natural Brothers como skate mudou sua vida.

Ah, é aquele lance do estilo de vida mesmo né? O skate te dá oportunidade de se reunir sempre com os amigos e se divertir muito com eles nos rolés, te apresenta uma nova forma de ver o mundo, te dá um momento de aliviar o stress do dia. Não tem como explicar, é bom demais ser skatista e viver nesse mundo onde só o skate pode te levar.

Por Analice Balthazar